domingo, 26 de abril de 2015

Coração absoleto

Necessário mesmo é o amor próprio. Porque esse utensílio deveria ser daqueles que encontramos nas prateleiras de utilidade indispensável. Quase um feijão com arroz. Deixando de ser a batata frita do domingo.
Algumas de nós mulheres, não querendo generalizar, acabam sofrendo uma verdadeira montanha russa de emoções por causa desse utensílio indispensável na cozinha do nosso coração.
Assistindo programas de televisão, daqueles que mostram casais quimicamente apaixonados e dos tipos de propaganda de telefonia celular, acabo me tornando uma solteira quase frustrada. Sim! Frustrada! Dessas que se pergunta o motivo de ter o dedo podre. Aí nesse momento que entro no meu universo paralelo e entro de cabeça nas minhas desenfreadas reflexões.
Se não sou eu o erro, por que será que acabo dando tanto murro em ponta de faca? Sim! Facas afiadas. Muito afiadas.
Quantos caras já usaram a batida frase "Eu sou diferente. É com você que quero ficar." e na outra semana faz questão de não saber nem quem você é? Quantos caras já destruíram seu coração e a deixou mais rasa que prato de salada? Pois é! Quantos? Já fez a conta? Já perdi as minhas.
Cada um com uma canalhice diferente. Uns altos. Outros magros. Alguns educados. Já outros, uns palhaços. Teve aquele possessivo. Teve aquele outro sem sal. Também não esqueci daquele que era o piolho de adrenalina e aventura. Cada um com seus aspectos. E cá entre nós, a canalhice só mudou de endereço e de enredo. E assim vamos seguindo nossa peregrinação. Encontrando gatos e cachorros pelo caminho. Se frustrando nessas novelas da vida real. Mas afinal, qual é o problema?
Será que por vezes é mais fácil criar expectativas e depositar no outro? Ou será uma fuga da realidade? Sim, uma fuga! Sabe o motivo? Simples e fácil! Falta de preenchimento pessoal.
Por vezes esquecemos de nutrir nosso amor próprio e vamos nutrir esse amor em outra plantação.
 É bem mais fácil ver a grama verde do vizinho. Do que olharmos para nossa própria grama, rever o que falta para ela crescer e continuar a espalhar sua beleza. Por vezes, esquecemos que precisamos cultivar o nosso jardim. Sim, nossa alma é o nosso jardim. E ela precisa de cuidados. Falo isso por experiência de causa. É mais fácil esquecer de nós e cultivarmos o jardim do vizinho.
Amar um outro ser parece ser tarefa fácil e é. Apaixonar-se pelo que o outro pode nos proporcionar é bem mais encantador. Não por bens materiais, e sim pela ansiedade e achamento que o outro pode nos ofertar.
Uma natureza não habitada é mais encantadora do que aquela casa de campo que a gente passa todos os finais de semana da nossa vida. Amar o outro necessita de um ponto de partida importante. Amarmos a nós mesmos e a partir daí tentar entender toda nossa estrutura emocional.
Amando-se é a porta de entrada para amar o outro.
O que seria de nós sem as experiências? Talvez, meros mortais sem o discernimento necessário para que saibamos aonde aquele caminho dará. Precisamos experimentar do doce ao amargo para saber qual será a nossa medida certa. Precisamos do nosso amor próprio para conseguirmos deixar a calma de um amor tranquilo enxaguar nosso coração de esperanças. 
Mesmo com o coração cheio de feridas e pontos, a esperança ainda não se mandou da minha morada.
O amor prevalece, prevaleceu e prevalecerá sempre. E a esperança ainda não morreu. Parece que ela é como a sogra daquelas piadas de homens, a última que morre.